Por muito tempo, a aposentada Adelice Gonçalves dos Reis enfrentou sérias dificuldades para dar um simples banho no filho Guilherme, que é cadeirante. Sem recursos para a reforma, ela não conseguia colocar a cadeira de rodas no box e tinha medo que ele caísse.
– Meu filho tem 32 anos e eu cuido dele sozinha. A comunidade sempre me ajudou com alimentação, fraldas ou outros donativos, porém, para fazer o banheiro eu precisava de dinheiro e não tinha de onde tirar – conta.
Adelice já havia perdido as esperanças, até que um dia, nas redes sociais, conheceu o trabalho dos Caras do Bem.
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– Entrei em contato com a instituição e, em duas semanas, o banheiro começou a ser construído. Pode ser algo simples para muitas pessoas. Para mim, foi uma mudança de vida. Eles foram atrás, Conseguiram mão de obra e material. Serei sempre grata – afirma.
A operadora de central Tatiana Azevedo também é grata ao grupo:
– Eu deixo minha filha Esther, 2 anos, na brinquedoteca da associação e posso trabalhar tranquila. Nos meus horários de folga, disponho-me a ajudá-los em tudo.
A Associação
Segundo o presidente da instituição, Reinaldo Vizcarra, a Associação Comunitária Caras do Bem foi fundada em 2010, por amigos que sentiram a necessidade de protagonizar uma transformação social e não depender apenas do poder público.
– A partir da percepção de alguns problemas dos bairros onde moramos, eu e Maurício Bianchin entendemos que as soluções só viriam mediante iniciativas dos mais interessados, ou seja, da comunidade – argumenta.
Para Vizcarra, ver diferentes profissionais colocarem em prática a consciência ecológica, social e cidadã é uma vitória. Ele destaca, ainda, que o trabalho da associação não é de assistencialismo, mas de cooperação mútua.
Atuação
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Cofundador e vice-presidente dos Caras do Bem, Bianchin lembra que começou a associação com 15 amigos e hoje já conta com mais de 50 voluntários. Eles mantêm o trabalho com doações da comunidade e não têm vínculo com alguma instituição governamental.
– Comecei a observar problemas na minha vizinhança, como falta de água e o alto índice de crianças em vulnerabilidade. Então, reuni forças. A partir do momento que a demanda cresceu, passamos a atuar em diferentes áreas. Acredito que não adianta reclamar dos problemas se não fizermos nada para solucioná-los – afirma.
Entre as iniciativas da associação, Bianchin pontua o Projeto Cidade Limpa (lixeiras colocadas nas paradas de ônibus), a Brinquedoteca Cantinho do Bem, campanhas de doação de sangue junto ao Hemocentro de Santa Maria, risotos solidários, palestras educativas e a campanha do agasalho.
– A Brinquedoteca recebe crianças de 2 a 6 anos, mediante cadastro. Elas ficam conosco das 7h às 17h30min. Vale salientar que não somos uma creche. Oferecemos um espaço de entretenimento e alimentação para que as mães vão trabalhar tranquilas – explica.
Vizcarro conta que um dos objetivos dos Caras do Bem é promover a participação da comunidade, já que a sensação de pertencimento a uma causa é estimulante.
Voluntariado
Entre atendimentos, agendas e cadastros encontra-se a secretária Carmem Loureiro, apoiadora dos Caras do Bem. Tendo o voluntariado como missão de vida, já atuou em outros lares beneficentes e não cansa de ajudar quem precisa:
– Nossos voluntários recebem apenas as despesas para locomoção e, mesmo assim, estão sempre por aqui. Contamos com alguns padrinhos que têm feito a diferença na comunidade – friza.
Troco solidário
Com a finalidade de adquirir recursos para aumentar a brinquedoteca do grupo e para suprir as despesas dos diversos projetos da Associação, a partir de novembro, os Caras do Bem estão com as urnas do projeto Troco Solidário, que serão distribuídas em mais de cem empresas de Santa Maria, entre elas, farmácias, supermercados, lojas de departamentos e padarias.
Para ajudar
A Associação Caras do Bem recebe doações em dinheiro, brinquedos e alimentação infantil.
_ Contato – pelo facebook ou pelos telefones (55) 3217-6570 3217-5901